A Companhia de Teatro de Almada repõe, com um novo elenco, uma criação estreada em 2019 que resultou de uma co-produção com a Compañia Nacional de Teatro Clásico. Reinar depois de morrer integrou a Mostra Espanha desse ano e subiu à cena no ano seguinte, em Madrid, com um elenco espanhol. Às récitas em Almada e no Porto, no Teatro Nacional São João, assistiram mais de 5.000 espectadores. Este espectáculo valeu a José Manuel Castanheira o Prémio Autores para Melhor Cenografia, e a Ignacio García o Prémio de Melhor Encenação, atribuído pela Associação de Encenadores de Espanha.
A imprensa portuguesa destacou o “imaginativo e eficaz cenário em half pipe de Castanheira” (Rui Monteiro, in Público), bem como o trabalho dos intérpretes: “os actores surgem numa distribuição exemplar e bem dirigidos, com conhecimento da forma de elocução do teatro barroco, em verso sem cesuras, respirando nos tempos certos, com manifesto à vontade com a linguagem, e com o movimento evidenciando os matizes das personagens” (Helena Simões, in Jornal de Letras). Em Espanha, o La Razón referiu que “o espectáculo se desenrola com eficácia e muita beleza”, ao passo que o El País sublinhou “o expressivo artefacto cenográfico de Castanheira, que evoca os límpidos espaços teatrais de Adolphe Appia”.
Reinar depois de morrer, da autoria de Luis Vélez de Guevara e escrita em 1635, é uma peça do siglo de oro espanhol com temática portuguesa — o mito de D. Pedro e Inês de Castro. Na sua abordagem a esta tragédia ibérica, o autor inspirou-se e combinou ambas as línguas e ambas as sensibilidades — a saudade portuguesa e a crueza castelhana —, criando um milagre teatral com uma força imensa, que culmina na cena necrófaga e aterradora do cadáver reinante, metáfora barroca e símbolo de uma justiça tardia e estéril.
Ver Fotografias da Peça no Facebook do Teatro Municipal Joaquim Benite