A Fundação Inês de Castro celebra hoje, 18 de Abril, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, este ano dedicado ao património resiliente face às catástrofes e conflitos e recorda o episódio ocorrido na Quinta das Lágrimas, na noite de 22 de dezembro de 1879.

Há 145 anos, no dia 23 de dezembro, o jornal O Conimbricense relata, na rúbrica Noticiário “o Pavoroso incêndio – pelas 11 horas e três quartos da noite um pavoroso incêndio destruiu quase por completo, a casa da Quinta das Lágrimas.”

Descreve o estado em que ficou a casa após o incêndio, “as ações louváveis e ações infamantes e os Ferimentos.” No dia 27 o editorial de Joaquim Martins de Carvalho, com o título “Coimbra – Infâmia!” refere os “…descarados e infames roubos praticados por ocasião do grande incêndio da quinta das Lágrimas.”
Refere também “No meio daquela enorme desgraça houve a felicidade de se poder cortar o edifício e impedir a comunicação do incêndio para a primorosa e valiosíssima livraria…”
“Todo o edifício virado ao nascente ficou reduzido a cinzas; e só escapou a grande casa da livraria, a capella, a casa de jantar e o lagar pegado ao edifício do lado sul.”
E mais à frente “No meio de um desastre que faria sossobrar qualquer pessoa, o sr. Miguel Osório tem mostrado um ânimo e coragem admiráveis.” *
*relatos pelo jornal o Conimbricense e pela revista O Ocidente, nº 50, 1880

A demonstrar esse ânimo e coragem Miguel Osório empreendeu de imediato a recuperação da casa, um projeto por ele dirigido e desenhado. A ala norte da casa estaria quase pronta em 1884 (ano do nascimento do seu sobrinho bisneto D. Miguel Osório Cabral de Alarcão) e, a ala sul, no início do século XX.
É graças à força de ânimo e resiliência de Miguel Osório Cabral de Castro que este património com tanta história se mantém na cidade de Coimbra.
A Quinta das Lágrimas está classificada com Imóvel de Interesse Público desde 1977